Café com aroma
de mulher foi criada pelo renomado autor e produtor Fernando Gaitán, sendo produzida pela rede RCN Televisión e transmitida
pelo extinto Canal A nos anos de 1994/95
na Colômbia. A novela é
considerada uma das mais exitosas do país, sendo adaptada em vários
países hispanos. Com um enredo original,
diálogos muito bem apresentados e protagonistas carismáticos, Gaitán, conseguiu
unir uma série de elementos que fizeram da história de Gaivota, uma trama inesquecível.
A novela conta a história de amor entre uma colhedora de café chamada Teresa Soares e posteriormente na segunda fase da novela, Carolina Oliveira - conhecida por todos como Gaivota (Margarita Rosa de Francisco) e um dos herdeiros Valejo, Sebastião (Guy Ecker), membro de uma das famílias cafeeiras mais tradicionais da Colômbia.
Gaivota junto com sua mãe Carmela,
vive viajando entre as fazendas da Colômbia durante o ano como colhedoras de
café. No mês de outubro, quando se realiza a colheita da fazenda Casablanca elas
se assentam na mesma já que Otávio, dono da fazenda, sempre assegurava o
emprego delas. Acontece que Otávio acaba morrendo e com isso os membros da
família Valejo que estavam espalhados pelo mundo voltam para o
funeral. Entre esses membros estava Sebastião, que logo se encanta
por Gaivota. O curioso desse personagem é que ele nunca tinha intimidade com
uma mulher e com a Gaivota ele acabou perdendo esse
"medo".
Foto: Reprodução/RCN |
O envolvimento deles
é muito intenso e efêmero, os dois aproveitam como podem e entre os cafezais,
ambos, vivem o primeiro amor. Mais como é de se esperar, as coisas
começam a sair do controle quando Sebastião tem que voltar o
Londres para terminar os estudos. Eles até combinam de se encontrarem novamente
em um ano, mas uma série de desencontros acontecem e mudam à
vida dos dois para sempre.
Passado um ano depois
que Gaivota e Sebastião se encontraram pela última vez, este
último volta de Londres a procura dela, acontece que por um motivo Gaivota teve
que ir embora para a Europa. Ele acaba descobrindo uma série de fofocas sobre
ela e desiludido acaba se casando com Lucia. Gaivota,
que agora se chama Carolina Oliveira, pouco tempo depois volta a
Colômbia e acaba descobrindo que Sebastião se casou. Triste e
também desiludida, ela e sua mãe, acabam indo embora da
fazenda para tentarem uma vida melhor em Bogotá - capital da Colômbia.
Depois de uma série
de dificuldades, Carolina consegue um emprego em
uma companhia exportadora de café, mais precisamente a Cafexport,
empresa da família Valejo. E é neste ponto onde a maior parte
da trama vai ser desenvolvida. Afinal, a família Valejo vai acabar descobrindo
quem ela é e por isso, tanto Carolina (Gaivota) como o Sebastião, enfrentarão
grandes problemas com a Lúcia, esposa do
Sebastião. Além do mais terão que enfrentar o primo do Sebastião chamado Iván, que
junto da esposa Lucrécia irão fazer de tudo para separar os
protagonistas, já que assim eles serão os únicos a ficarem com a fortuna
dos Valejo no futuro.
Foto: Reprodução/RCN |
Café com aroma de mulher deixou o lado mais
fantasioso das novelas latinas e conseguiu representar de forma mais verossímil a
realidade dos colombianos. É interessante que a mesma conseguiu mostrar uma
Colômbia diferente do que estamos acostumados a ver até hoje-
drogas, cartéis, etc. Também foi possível conhecer, com
detalhes e embasamentos, a produção e exportação do café- um dos grandes
produtos que movimenta a economia do país. Além de conhecer a cultura cafeeira
da região, um fato que ajudou na parte econômica do país - já que muitos
acabaram excursando no país, incrementando ainda mais o turismo local.
Esse foi um dos méritos de Fernando
Gaitán, criar uma história original bem amarrada que
conseguiu aliar o campo - através das colheitas de café nas
fazendas - e a cidade - com a empresa exportadora de café e da
própria Confederação Nacional de Cafeteiros da Colômbia.
Outro ponto bem
explorado pelo autor foi os personagens. Margarita Rosa de
Francisco teve em mãos uma das personagens protagônicas mais emblemáticas das
novelas latinas. Gaivota era destemida, valente, inteligente e
corajosa. Ela lutava pelo que queria. É tanto que de uma simples colhedora de
café ela passa a ser uma executiva bem-quista no meio cafeeiro. O engraçado é
que apesar de crescer profissionalmente ela não deixava o seu lado mais
simples, amava o seu lado mais impulsivo e lutador- que se
estivesse aliado a pequenas doses de água ardente e cantorias,
ai é que gostava mesmoooooo! rs
Cena da novela - Foto: Reprodução/RCN |
Já o mocinho defendido pelo brasileiro Guy Ecker era o oposto da protagonista. Tímido, tranquilo e prudente, Sebastião foi inseguro em alguns momentos. O ator conseguiu explorar o texto de maneira impar e deu um ar melancólico e triste que fizeram dele um personagem único. Essa era a primeira novela do Guy e sinceramente, não vejo outro ator que não ele, que seria capaz de empregar no personagem tamanha naturalidade e carisma. Outros personagens também se destacaram, como Lúcia, Ivan e Carmela; interpretados respectivamente pela Alejandra Borrero, Cristóbal Errázurize e Constanza Duque.
Uma coisa que sinto
falta, como telespectadora de novelas mexicanas, é a falta de
diálogos verdadeiros e coerentes entre os personagens. Na
trama criada por Gaitán esse não foi um problema, muito pelo
contrário, isso foi um dos fatores que contribuíram para que a
trama fosse lembrada até hoje.
Um dos diálogos que mais gosto na novela acontece quando Sebastião aceita ser o gerente da Cafexport para trabalhar com Carolina. A cena dura em torno de 11 minutos ininterruptos e um trecho final dessa cena diz o seguinte:
Esses diálogos, aliados
a química dos protagonistas, fizeram com que os encontros de
Gaivota e Sebastião fossem memoráveis. Essa cena é um desses
momentos para mim.
A trilha
sonora da novela também é algo bem marcante, sendo que muitas músicas
foram interpretadas pela Margarita Rosa de Francisco. Gaviota, tema de
abertura da novela, Mal amor, Entre dos fuegos e As
de corazones são as minhas favoritas- e foram interpretas pela própria
atriz.
Foto: Reprodução/RCN |
Com relação a produção em
si é verdade que a mesma teve algumas falhas técnicas, mais
para falar a verdade, diante de um enredo tão instigante e
da falta de recursos monetários e tecnológicos da época,
afinal, estamos falando de uma novela produzida na Colômbia há 23 anos,
acredito que pode ser algo relevado.
Por fim, Café
Com Aroma de Mulher foi uma novela cheia de reviravoltas, com
personagens mais humanos e próximos a realidade colombiana. Unido de elementos
certeiros, Fernando Gaitán criou uma história fresca,
natural, sem exageros nas maquiagens, atuações, vestuários e cenas de sexo,
enfim; a novela era didática, divertida, romântica. Foi a história ideal
para os atores ideais. Simplesmente inesquecível.
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